CROSSINGS OF TIME AND LOOK IN THE JOURNALISTIC IMAGE OF PRECARIOUS LIVES IN “CRACOLÂNDIA” (SP)
PDF
PDF (Português (Brasil))

Keywords

Media
Otherness
Image politics
Framing
Photojournalism

How to Cite

Sá Martino, L. M., Amá, V. P., & Salgueiro Marques, Ângela C. (2021). CROSSINGS OF TIME AND LOOK IN THE JOURNALISTIC IMAGE OF PRECARIOUS LIVES IN “CRACOLÂNDIA” (SP). Brazilian Journalism Research, 17(2), 452–487. https://doi.org/10.25200/BJR.v17n2.2021.1367

Abstract

ABSTRACT – This article outlines the media representation of the “precarious life”, as Butler (2004, 2014, 2016) defines it, as a form of life deprived of its fundamental rights. The focus is on the analysis of photojournalistic images of two police operations (2017 and 2018) in “cracolândia”, a region in São Paulo’s downtown. From a corpus of 109 images published by the news portals UOL, G1, and R7, we selected eight photographs for a closer analysis of elements that tension the biopolitics of control (Foucault, 1980), impersonality, and disregard for precarious lives, with attempts at survival (Didi-Huberman, 2017) and resistance from vulnerabilities. We identified the presence of three main dimensions of representation: (1) although there is six months between the events, media representation follows a similar pattern of representation; (2) the pictures focus on vulnerable, dispossessed life, but also show the defiant and resistance power of faces and gestures; (3) the individual images of suffering, loss, and grievance are counterpointed by hints of rage and reaction. These elements are analyzed in the light of the reflections that intertwine photojournalism with the ethics of responsibility (Mondzain, 2009; Caron, 2007), which indicates possibilities of approaching and meeting otherness.

RESUMO – Este artigo delineia alguns aspectos da representação, pela mídia, do que Butler (2004, 2014, 2016) define como “vida precária”, forma de existência desprovida de direitos e condições básicas. O foco é a análise de imagens fotojornalísticas de duas operações policiais (2017 e 2018) na “cracolândia”, centro de São Paulo. A partir de um corpus de 109 imagens publicadas pelos portais de notícias UOL, G1 e R7, selecionamos oito fotografias para uma análise mais detida de elementos que tensionam a biopolítica do controle (Foucault, 1980), da impessoalidade e da desconsideração das vidas precárias, com as tentativas de sobrevivência (Didi-Huberman, 2017) e resistência a partir das vulnerabilidades. Identificamos a presença de três dimensões principais de representação: (1) há padrões semelhantes de representação, apesar dos eventos estarem separados por seis meses; (2) a cobertura foca na vulnerabilidade dos retratados, mas também há sequências de resistência, sobretudo nas imagens da face e nas gestualidades; (3) imagens individuais de sofrimento, perda e luto encontram um contraponto em expressões de raiva e reação. Esses elementos são analisados à luz das reflexões que entrelaçam o fotojornalismo à ética da responsabilidade (Mondzain, 2009; Caron, 2007), pensando as possibilidades de aproximação e encontro com a alteridade.

RESUMEN – Este artículo delinea algunos aspectos de la representación, por los medios, de lo que Butler (2004, 2014, 2016) define como “vida precaria”, existencia sin derechos y condiciones básicas. El foco es cobertura periodística de dos operaciones policiales (2017 y 2018) en la “cracolândia”, región central de la ciudad de São Paulo. La atención se centra en el análisis de imágenes de fotoperiodismo de dos operativos policiales en “cracolândia”, en el centro de São Paulo. De un corpus de 109 imágenes publicadas por los portales de noticias UOL, G1 y R7, seleccionamos ocho fotografías para un análisis más detallado de elementos que tensan la biopolítica del control (Foucault, 1980), la impersonalidad y el desprecio por la vida precaria, con intentos de supervivencia (Didi-Huberman, 2017) y resistencia a vulnerabilidades. Identificamos la presencia de tres dimensiones principales de representación: (1) hay similitudes de representación, aunque los eventos están sean distintos; (2) la cobertura se enfoca en la vulnerabilidad de los retratados, pero también hay secuencias de resistencia, sobre todo en las imágenes de la cara y en los gestos; (3) imágenes individuales de sufrimiento, pérdida y luto encuentran un contrapunto en expresiones de rabia y reacción. Estos elementos se analizan a la luz de las reflexiones que entrelazan el fotoperiodismo con la ética de la responsabilidad (Mondzain, 2009; Caron, 2007), pensando en las posibilidades de acercamiento y encuentro con la alteridad.

https://doi.org/10.25200/BJR.v17n2.2021.1367
PDF
PDF (Português (Brasil))

References

Adams, R., Copeland, G. A., Fish, M. J., & Hughes, M. (1980). The effect of framing on Selection of Photographs of men and women. Journalism Quarterly, 57(3), 463–467. DOI: 10.1177/107769908005700313

Barcelos, J. D. (2009). Fotojornalismo: Dor e Sofrimento. Estudo de caso do World Press Photo of the Year 1955-2008 [master thesis, Universidade de Coimbra]. UC Scientific Repository.

Barros, C., & Martino, L. M. S. (2003). O habitus na Comunicação. São Paulo: Paulus.

Biondi, A. G., & Marques, A. C. S. (2015). Suffering Body: narrative tensions for a politics of the images in photojournalism, Brazilian Journalism Research, 11(2), 110–127. DOI: 10.25200/BJR.v11n2.2015.848

Bissel, K. (2000). A return to ‘Mr. Gates’: Photography and objectivity. Newspaper Research Journal, 21 (3), 81–93. DOI:

1177/073953290002100307

Bourdieu, P. (1997). Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Buitoni, D. (2011). Fotografia e jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Saraiva.

Butler, J. (2004). Precarious Life: The Powers of Mourning and Violence. New York: Verso.

Butler, J. (2014). Quadros de Guerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Butler, J. (2015). Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. São Paulo: Autêntica.

Butler, J. (2016). Corpos em movimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Caron, C. (2007). Humaniser le regard. Du photojournalisme humanitaire à l’usage humanitaire de la photographie. Commposite, 1(1), 1–19. Retrieved from www.commposite.org/index.php/revue/article/view/89

Carvalho, J. C. (2011). Uma história política da criminalização das drogas no Brasil: a construção de uma política social. Proceedings of the VI Semana de História e III Seminário Nacional de História: Política, cultura e sociedade. Rio de Janeiro: UERJ/PPGH. Retrieved from https://neip.info/novo/wp-content/uploads/2015/04/carvalho_histria_poltica_criminalizao_drogas_brasil.pdf

Delamanto, J. (2015). Drogas e opinião pública no Brasil: hegemonia da desinformação. In V. Bokany (Ed.), Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões (pp.85–102). São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

Didi-Huberman, G. (2011). Coisa pública, coisa dos povos, coisa plural. In L. Nazaré & R. Silva (Eds.), A República por Vir: Arte, Política e Pensamento para o Século XXI (pp.41–70). Lisboa: Calouste-Gulbenkian.

Didi-Huberman, G. (2015). O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34.

Didi-Huberman, G. (2017). Diante da Imagem. São Paulo: Editora 34.

Fausto Neto, A. (2010). Enunciação midiática: das gramáticas às zonas de pregnâncias. In A. Fausto Neto, J. Ferreira, P. Gilberto Gomes & J. L. Braga (Eds.), Midiatização e processos sociais: aspectos metodológicos (pp.27–38). Santa Cruz do Sul: EDUNISC.

Forin Junior, R., & Boni, P. C. (2006). A globalização da exclusão social por meio da fotografia. Estudos em Jornalimo e Mídia, 3(1), 38–45. DOI: 10.5007/%25x

Foucault, M. (1980). História da Sexualidade (vol.1): A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

Foucault, M. (2003). A vida dos homens infames. In M. B. da Motta (Org.), Ditos e Escritos IV, Estratégia, poder-saber (5ª. ed.) (pp.203–222). Rio de Janeiro: Forense Universitária [1977].

Foucault, M. (2014). O sujeito e o poder. In M.B. da Mota (Org.), Ditos e escritos, v.9: genealogia da ética, subjetividade e sexualidade (pp.118–140). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Joly, M. (2007). Introdução à Análise da Imagem. Lisboa: Edições 70.

Machado, A. (1984). A ilusão especular. São Paulo: Brasiliense.

Marin, L. (1998). Les Pouvoirs de L’Image. Paris: Seuil.

Martino, L. C. (2009). A Atualidade Mediática: o conceito e suas dimensões. Proceedings of the XVIII Encontro da Compós. Belo Horizonte, PUC-MG. Retrieved from www.compos.org.br/data/biblioteca_1107.pdf

McCarthy, J.D., McPhail, C., & Smith, J. (1996). Images of protest: dimensions of selection bias in media coverage of Washington Demonstrations, 1982 and 1991. American Sociological Review, 61(3), 478–499. DOI: 10.2307/2096360

Mallmann, I. F., Santos, A., & Rosa, A. P. da. (2018). “Cuidado ao acessar. Imagens fortes”: a circulação do discurso sobre violência urbana a partir de lógicas jornalísticas e policiais. Parágrafo, 6(2), 77–89. Retrieved from http://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/827

Mondzain, M. J. (2009). A imagem pode matar? Lisboa: Vega.

Nancy, Jean-Luc. (2016). Demanda. Chapecó: Argos.

Oberling, A. F., & Pinto, N. M. (2015). Reflexões sobre as representações da mídia no debate de drogas. In V. Bokany (Ed.), Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões (pp.159–176). São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

Perlini, T. (2012). Le pacte moral comme condition d’existence du photojournalisme humanitaire. Cahier ReMix, 2(1), 1–15. Retrieve from http://oic.uqam.ca/en/remix/le-pacte-moral-comme-conditiondexistence-du-photojournalisme-humanitaire

Picado, B. (2009). A Ação e a Paixão que se Colhem num Rosto: pensando os regimes de discurso do retrato humano no fotojornalismo. Galáxia, (18), 276–290. Retrieved from https://revistas.pucsp.br/galaxia/article/view/1898

Prass, M. A., & Rosa, A. P. (2018). Ressignificação imagética: a narrativa da “muçulmana insensível” no atentado em Westminster. Conexão – Comunicação e Cultura, 17(33), 223–238. DOI: 10.18226/21782687.v17.n33.10

Reis Filho, O. (2012). Reconfigurações do olhar: o háptico na cultura visual contemporânea. Visualidades, 10(2), 75–89. DOI: 10.5216/vis.v10i2.26551

Reis Filho, O. (2017). Imagens insurgentes: notas sobre a fotografia urbana no Ceará. Discursos fotográficos, 13(22), 107–127. DOI: 10.5433/1984-7939.2017v13n22p107

Reis Filho, O. (2019). O que pode a fotografia hoje? Notas sobre a experimentação e o lúdico nas obras de Rosângela Rennó e Alexandre Sequeira. In A. Marques & F. Vieira (Eds.), Imagens e Alteridades (pp.96–109). Belo Horizonte: PPGCOM–UFMG.

Ronzani, T. M., Fernandes, A. G. B., Gebara, C. F. P., Oliveira, S. A., Scoralick, N. N., & Lourenço, L. M. (2009). Mídia e drogas: análise documental da mídia escrita brasileira sobre o tema entre 1999 e 2003. Ciência e Saúde Coletiva, 14(5), 1751–1762. DOI: 10.1590/S1413-81232009000500016

Rosa, A. P. (2016). Visibilidade em fluxo: os níveis de circulação e apropriação midiática da imagem. Interin, 21(2), 60–81. Retrieved from https://seer.utp.br/index.php/i/article/view/465

Rosa, A. P. (2017). Circulação: das múltiplas perspectivas de valor à valorização do visível. Proceedings of the VI Colóquio Semiótica das Mídias. Japaratinga, Alagoas: CISECO. Retrieved from www.ciseco.org.br/images/coloquio/csm6/CSM6_AnaPaulaRosa.pdf

Sá-Carvalho, C., & Lissovsky, M. (2008). Fotografia e representação do sofrimento. Galáxia, 2(15), 77–90. Retrieved from https://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/1496

Sontag, S. (2003). Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras.

Sousa, J. P. (2004). Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos.

Stein, E. (2005). Sobre el concepto de empatia. Madrid: Trotta.

Stein, E. (2015). La estructura de la persona humana. Madrid: BAC.

Taylor, J. (2000). Problems in Photojournalism: realism, the nature of news and the humanitarian narrative. Journalism Studies, 1(1), 129–143. DOI: 10.1080/146167000361212

Wurdig, K. K., & Motta, R. F. (2014). Representações Midiáticas da Internação Compulsória de Usuários de Drogas. Temas em Psicologia, 22(2), 433–444. DOI: 10.9788/TP2014.2-13

Zumthor, P. (2018). Performance, recepção, leitura. São Paulo: Ubu.

Zerwes, E. (2017). A fotografia humanista e a construção de uma historiografia sobre a fotografia latino-americana. Revista História: Debates e Tendências, 16(1), 314–317. DOI: 10.5335/hdtv.16n.2.6920

Creative Commons License

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Brazilian Journalism Reasearch